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LER/DORT - há embasamento científico?

Foi publicada, neste mês, uma notícia no boletim JCNet, da região de Bauru (SP), que demonstrou que problemas diagnosticados como distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (Dort), também conhecidos como lesões por esforço repetitivo (LER), já não são mais a primeira razão para incapacidade no trabalho. Os dados, relativos à cidade de Bauru, foram fornecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) local e referem-se aos pedidos formais de afastamento direcionados ao órgão em 2011.
Em anos anteriores, os casos diagnosticados como Dort haviam sido campeões nas solicitações de afastamento ao INSS do município. Neste ano, continua a ser alto o número de casos, mas menor do que as fraturas em pernas, punhos e braços, as dores crônicas na coluna e nas articulações e as doenças psiquiátricas.
A notícia veiculada traz à tona o tema de LER/Dort, para o qual é importante registrar alguns esclarecimentos quanto a suas definições, considerando-se uma abordagem científica. Essas siglas não representam o nome de uma doença específica. Trata-se de termo genérico que, em virtude de sua simplicidade, teve seu uso muito disseminado, em especial no meio trabalhista e judicial. Com o crescimento rápido de sua importância para a sociedade, passou a ser mais bem estudado por especialistas ao longo dos anos, tendo-se descoberto que LER/Dort não corresponde a uma única doença, mas a muitas, que devem ser devidamente identificadas, individualizadas e tratadas, como sempre foi feito com qualquer outra enfermidade.
Com o passar dos anos, vários países abandonaram essa denominação genérica e não científica. No Brasil, o uso intenso do termo LER/Dort não permite seu abandono imediato, mas a tendência moderna é, aos poucos, realizar a transição para aquilo que a medicina sempre preconizou: nomear  diagnósticos específicos para uma abordagem mais clara do problema do paciente.
A reportagem do boletim JCNet cita ainda os trabalhadores da construção civil como um dos grupos que mais são atingidos, em Bauru, por problemas que foram diagnosticados como LER/Dort. Contudo, é preciso sempre analisar caso a caso, levando-se em consideração parâmetros como quantidade de trabalho físico realizado, tipos de levantamento ou movimentos forçados, flexão ou torção da coluna, vibração do corpo todo ou de partes específicas, posturas laborais estáticas, posturas inadequadas obrigatórias, tipos, quantidade e velocidade dos movimentos repetitivos presentes, e se estes são das mãos, dos ombros, dos punhos ou de outra região.
Além disso, é necessário considerar fatores como nível socioeconômico, cultural e de insatisfação no trabalho, presença de ansiedade e/ou de sintomas depressivos e tipos e quantidade de atividade recreativa realizados. Cada um desses fatores tem maior ou menor nível de evidência ou relação, juntos, combinados ou isolados, na causa de doenças específicas. Dessa forma, generalizações e simplificações atribuindo causas podem não ser adequadas.

Fonte: Comissão de Reumatologia Ocupacional da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)

 

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