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Estudo relaciona suplementação de cálcio com aumento do risco de problemas cardiovasculares

Um estudo publicado na semana passada no British Medical Journal concluiu que mulheres na menopausa que tomam suplementos de cálcio têm mais risco de sofrer infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame. Entretanto, segundo a coordenadora da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a reumatologista Rosa Maria Rodrigues Pereira, esse resultado não deve ser considerado definitivo porque o tema vem sendo alvo de outros trabalhos de pesquisa nos últimos anos, os quais tiveram conclusões diferentes.

Rosa relata que a história dos estudos remonta a 2008, quando, na Nova Zelândia, saiu o primeiro trabalho sobre o assunto, alertando que a suplementação de cálcio elevaria a probabilidade de eventos cardiovasculares – esse mineral, afinal, faz parte das placas que entopem as artérias.

Contudo, Rosa conta que somente neste ano mais três trabalhos foram publicados. Dois deles, provenientes dos EUA e da Austrália, concluíram não haver esse risco. O terceiro veio novamente da Nova Zelândia e levou a assinatura do mesmo grupo de 2008, mas, dessa vez, os pesquisadores fizeram uma grande revisão de diversos estudos. A conclusão, de novo, apontou o aumento do risco cardiovascular na suplementação com cálcio.

Apesar de não ter havido diferença nos resultados dos dois estudos dos neozelandeses, a coordenadora da Comissão de Osteoporose da SBR ressalva que a análise dos vários trabalhos já publicados não teve como foco principal, no início do estudo, a relação entre a suplementação de cálcio e a ocorrência de eventos cardiovasculares, mas a de outros parâmetros. E isso, segundo os especialistas, prejudica as conclusões específicas quanto à associação entre o uso do cálcio e o maior risco de infarto e/ou derrame.

De qualquer modo, a questão central quanto aos efeitos da suplementação, explica Rosa, é que o comprimido eleva o nível sanguíneo de cálcio rapidamente, ao contrário de uma dieta com alimentos ricos nesse mineral, que não causa um “pico de cálcio”. Assim, esta última seria mais recomendada para quem apresenta maior predisposição a problemas cardiovasculares

Na prática

Apesar das divergências entre os estudos, o fato é que, na prática, quem tem osteoporose agora fica em dúvida se pode ou não tomar cálcio em comprimidos. Para Rosa, o médico deve avaliar o paciente individualmente, usando o bom senso na hora da prescrição desse tratamento, e considerar o que é mais significativo: “Se houver história de ocorrência de eventos cardiovasculares no próprio indivíduo ou em sua família, o caminho é obter o cálcio somente por meio da dieta”, sublinha.

Do contrário, a suplementação está liberada. Para exemplificar essa situação, a reumatologista cita um eventual paciente de 80 anos sem nenhum histórico de infarto e derrame, mas sim de fraturas, e além de tudo com problemas digestivos com o leite. “Nesse caso, o uso do cálcio em comprimidos seria adequado em associação com outras medicações para o tratamento da osteoporose”, enfatiza.

Há ainda uma terceira alternativa, composta das duas formas, ou seja, da dieta rica em alimentos-fonte de cálcio mais os comprimidos. “Um paciente com osteoporose deve ingerir de 1.300 mg a 1.500 mg de cálcio por dia, mas é possível, por exemplo, prescrever 700 mg em comprimidos e complementar o restante com a alimentação”, afirma Rosa. Essa seria uma maneira de diminuir a dose na suplementação de cálcio se o médico achar necessário.

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